sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

"A melhor mensagem de Natal é aquela que sai em silêncio de nossos corações e aquece com ternura os corações daqueles que nos acompanham em nossa caminhada pela vida."

Eu e minha mãe nunca tivemos boa relação desde que meu pai morreu. Talvez por ser o filho mais velho, sempre senti a ausência dela. Ausência que o meu pai preenchia. Mas ele se foi e aí ficou vazio de vez.
Assim que fiz 18 anos, arrumei emprego numa cidade grande e me mudei pra lá. Deixei minha mãe e meus irmãos. Na verdade, abandonei. 
Vez ou outra me comunicava com eles. Pra ser mais preciso, no meu aniversário. Sempre ligavam. Sempre lembravam. Sempre. Em outras datas comemorativas também, mas eram poucas as vezes que eu atendia.
Essa foi a relação durante muitos anos. Até que eu conheci uma garota. E me apaixonei. Ela me ensinou sobre o amor e me fez ser melhor. E, nessa dinâmica de desafios que a gente se propunha de maneira pessoal ou a dois, chegou a vez de eu enfrentar minha família. De recuperar o tempo.
De fato, eu não sabia como fazer isso. Não tinha jeito. E não por orgulho, mas por vergonha. E uma ponta de medo por não ser perdoado, ainda que até hoje eles seguiam insistindo em mim.
Por muito tempo eu adiei esse "enfrentamento". Porque antes de ser eu e minha família, existia a guerra comigo mesmo. Até que nas vésperas no Natal, eu decidi que era chegada a hora. E assim fiz!
No dia 24, no fim da tarde, peguei um trem direto para Giethoorn. Cheguei por volta das onze e meia da noite.
Assim que cheguei em frente a minha casa, me veio um flash de lembranças de toda a minha vida naquela casa, do meu pai e da minha partida aos 18 anos. Uma alegria e uma nostalgia me invadiam o peito. Mas, sobretudo, a vontade de recomeçar e não perder mais tempo. Esqueci o medo.
Com toda essa mistura de sentimento, demorei um tanto pra tocar a campainha... Toquei. Não atendeu ninguém. Toquei novamente. E novamente não atendeu ninguém. Fiquei sem saber o que fazer por um instante até que resolvi ir embora. Quando já ia atravessar a ponte, ouvi vozes e a porta a se abrir. Olhei pra trás e lá estava ela, minha doce mãe, a que nunca desistiu de mim quando até eu desisti de mim mesmo. Fui ao encontro dela. Nos olhamos fixamente como se conversássemos por aí. Soltei minha mochila. Abri um sorriso e os braços, que nas entrelinhas diziam "Feliz Natal". E ela me agradeceu pelas entrelinhas das lágrimas.

                                                                                                    - 18º fato sobre a vida.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

"Não se decide amar e nem a quem"

O que eu pensei se estender pelo tempo, virou amor de verão... Duas pessoas carentes que talvez até se gostassem, mas sobretudo, se queriam! Viveram uma paixão linda, cheia de cumplicidade, ternura e alegria por cada vez se conhecerem mais e se quererem mais. Foram alguns meses com as vidas sendo compartilhadas, os sonhos, os planos futuros e até mesmo as promessas.

Ela era linda, parecia uma criança, cheia de dengo! Sabia a hora e as palavras certas pra dizer. Jogava com a música, com a poesia. Com esse jeito todo romântico, bonito e mágico, me ganhou. Era decidida e expressava tudo sem medo. Tinha suas responsabilidades, mas era a música que lhe fazia escrava. Escrava pois ela e a música não se libertavam uma da outra. Uma escravidão prazerosa, diga-se de passagem. E ela corria, ia longe, percorria quilômetros atrás desse sonho de mostrar sua música.
Eu, pelo contrário, era indeciso e medroso. Não sabia se me entregava a ela. Não sabia se deveria me permitir viver essa aventura. Era mais novo, tinha minhas incertezas pelo futuro. Tinha medo. Do futuro e disso que eu tinha com ela, que até hoje não sei nominar. Não sabia claramente quais eram meus sonhos e pelo que lutar cada dia.
Nós conversávamos por horas, sobre tudo. A madrugada era a nosso favor e nos unia como nada mais fazia. Nem mesmo a música, que era o braço direito dela e o pedaço da minha alma, soube nos juntar tão bem.
Apesar do gosto comum pela arte, nem falávamos muito sobre isso. Cada um tinha lá o seu certo ciúme por tudo que apreciava (risos). Mas nunca pudemos evitar trocar músicas que, no momento, era a descrição sentimental ou física de cada um.
Nessa convivência e troca direta de sentimentos indiretos, eu me apaixonei por ela. Nos prometemos futuros, nos declaramos! Mergulhei nesse amor que eu sentia e por dias, fui muito feliz.
Fui porque foi. Já não mais é. O passado veio à tona e ela, talvez por esperteza, escolheu outro. Um ex-amor... Talvez ele fosse mais maduro, por ser mais velho que eu. Talvez fosse mais bonito, mais interessante. Talvez ela o amasse mais. Apesar de ter dito e demonstrado que gostava de mim.

O que eu pensei se estender pelo tempo, virou amor de verão! Duas pessoas carentes que talvez até se gostassem, mas sobretudo, se queriam! Viveram uma paixão linda, cheia de cumplicidade, ternura e alegria por cada vez se conhecerem mais e se quererem mais. Foram alguns meses com as vidas sendo compartilhadas, os sonhos, os planos futuros e até mesmo as promessas... Mas acabou. Ela se foi, e feliz! Já eu... Bem, eu escrevo. Tento externar o que é se jogar por amor e ter alguém lá em baixo que vai te pegar, mas três segundos antes disso, sai e fica só olhando você cair. Tento externar o que é continuar no chão enquanto a outra pessoa finge que nada aconteceu.
Mais uma vez levo fraturas de um amor que não foi amor, senão de minha parte. Mas, no coração não se manda! A gente amolece, cai, levanta, endurece, amolece... Sempre assim, nesse ciclo. E a vida segue. Cabeça levantada, bola pra frente! Coração pra frente!


                                                                                - 17º fato sobre a vida.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

"Amar é esquecer um pouquinho de si mesmo."

Porque não faz sentido estar sozinho. Não faz sentido usar o egoísmo como desculpa pra não se importar com ninguém ou nada que está ao seu redor. Não faz sentido usar o egoísmo pra que ninguém pense em você.
Estar só não é um ato heroico, não é uma atitude de quem é forte... Forte é quem convive, quem se preocupa, quem substitui o "quero" pelo "tenho que", quem briga, quem erra, quem está atento, quem se sente responsável pelo próximo, quem se doa, quem esquece a própria dor pela dor do outro. Forte é quem faz as pazes, assume o erro, recomeça; quem leva bronca, quem tem alguém que se preocupe, que se importe, que te dê atenção; quem tem um responsável, quem tem alguém pra conviver, pra se doar, pra tomar sua dor. 
Forte é quem é feliz. Feliz é quem ama a ponto de esquecer de si. E isso não é problema... Porque o outro o ama a ponto de fazê-lo lembrar.
  

                                                                                        - 16 fato sobre a vida.