sexta-feira, 18 de outubro de 2013

"É que um carinho, às vezes, cai bem"

Nessa dimensão de rotina, eu esqueci dos meus amigos, da minha família e dos meus amores. Fechei o mundo pra mim assim que bati a porta do meu quarto. E, nos emaranhados de lençóis sobre a cama, me escondi.
Tinha espaço ali na cama, no coração, no quarto e no meu mundo.
Não importava quem fosse: amigo, irmão, mãe ou amor. Sentia incessantemente o desejo de que alguém entrasse... E ficasse. Ainda que não muito tempo. Ainda que sem nada pra fazer.
Queria um olhar, um cafuné, um calor na alma e, quem sabe, até no corpo. Qualquer coisa.
Era muita pouquidade de presença. E, nesse incomodo assíduo, me abandonei e fugi do meu próprio mundo.
Como um bebê, que não sabe o que fazer e é indefeso pra qualquer atitude que se toma, me refugiei num mundo ao lado.
Esse mundo era o melhor do mundo! Encontrei o que precisava e até mais do que queria. Eu vi olhos transparentes de cuidado; mãos vestidas de delicadeza e afago sincero; colo que mima, que apoia e divide o peso do mundo lá fora.
Esse mundo de minha mãe era o meu preferido. Embora não fosse só um mundo. E sim um universo que acolhia todos os mundos atordoados, como o meu.

O universo de minha mãe virou pó. E os mundos que ali habitavam, se perderam. Agora, quando volto a ser bebê, viro órfão. Não tem mais ninguém no quarto ao lado.
Porém, desde que o universo estourou, deixei minha porta aberta pra quem se interessasse em, ao menos, olhar.
Sou sozinho com a ausência que insiste em perdurar. Sou mais um, com seu mundo, esperando outro mundo chegar.
                                                     
                    
                                                                                                  - 11º fato sobre a vida.

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