sexta-feira, 29 de novembro de 2013

"Tem dias em que qualquer sopro do vento me faz querer partir de volta"

É raro quando passa de seu dia estar correndo dentro da normalidade até que você encontra alguma coisa ou alguém que carregue um cheiro que te faz lembrar algum lugar, alguma outra coisa ou outro alguém. 
Esse cheiro específico e, por caráter transitivo, especial, é o passaporte pra viagem no tempo. Viagem essa que te dá a sensação mais espantosa de saudade. Porque não se sabe identificar se é bom ou ruim toda essa mescla de recordações e vontade de viver de novo. 
Os sintomas? Um aperto no peito, uma angustia. Mas, ao mesmo tempo, um sorriso no rosto e a felicidade por poder estar revivendo o passado, ainda que só na imaginação. É como se a mente agradecesse, mas o corpo reclamasse. São inversamente proporcionais...
A mente tá ali, feliz por recordar e, sobretudo, por ter vivido. O corpo não, ele pede, precisa e quer de novo.


                                                                                                 - 15º fato sobre a vida.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

"O tempo às vezes é alheio à nossa vontade"

O tempo que tem a função de curar, fez foi me abrir uma ferida que, na verdade, já me era prevista pelo medo. O medo que por tempos me atormentou e agora, me engoliu. E a ferida nova chamada Inércia, pois não há nada que eu possa fazer pra mudar o castigo do tempo, me corrói pouco a pouco. Pouco que é muito, que é mais sofrível do que se as coisas fossem ligeiras.
E eis-me aqui para escrever sobre uma dor de minha vida, a qual assisto sem poder reagir.
A vida nos submete a sofrimentos e nos requer desapego. E, nesse momento, meu estado de dor me paralisa quando eu quero não sofrer. A dor me venceu. Perdi. Morre vida e viva a morte!


                                                                                                      14º fato sobre a vida.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

"Alegria da tristeza"

Esses dias refleti sobre as causas da tristeza e espantosamente cheguei a uma conclusão um tanto quanto óbvia, porém impensável para muitos. A morte, a saudade, a distância... São só alguns dos mais responsáveis por tanto sofrimento.
Meu pensamento surgiu da pergunta: Por que tanto?
Tanto é advérbio de intensidade que, no entanto, não diz nem um décimo do que exatamente se sente. Ou seja, é um advérbio um tanto mentiroso (risos).
Retomando, nesse entretempo de crise exaustiva de sentir, dúvidas e inconformidade, eis que surge a conclusão: dor é também felicidade. Por quê? Porque as coisas mais bonitas da nossa vida, seja amor ou amizade, requerem sofrimentos e sacrifícios. Ou seja, toda essa angústia que tanto atormenta, é puramente o reflexo do que te enche de felicidade. Assim, quanto mais isso te faz feliz, mais te dói, mais te custa, mais resistência requer de você. São diretamente proporcionais.
Sei que, com a condição de sermos humanos, sempre vai existir as queixas, reclamações etc. E que seja assim! Mas, também, é conveniente e até mais suportável quando há o nosso reconhecimento de que a dor provém das coisas mais lindas da nossa vida. Então, que possamos agradecer a Deus não pela dor, mas pela oportunidade de sofrer por algo que vale a pena.
                 
                                                                           
                                                                                      13º fato sobre a vida.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

"Falar é fácil. Difícil é dizer"

E, de última, ando sem saber o que dizer e como dizer. Engulo as palavras como uma gulosa pecadora, porque não tenho a necessidade de tê-las (e, na verdade, nem quero), mas as tenho. Não quero porque é feio. E bonito é não saber o que falar quando se tem muito a dizer. Quando se pode falar de outras formas, anti-palavras.
A fartura me incomoda e, por vezes, me da náusea (e nem assim consigo vomitar). Triste ter um dicionário dentro de si e não saber como usá-lo. É como ser um analfabeto ou um estrangeiro no seu próprio país.
A sensação é que ninguém vai entender. Nem mesmo você.
                                                                                       

                                                                                               - 12º fato sobre a vida.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

"É que um carinho, às vezes, cai bem"

Nessa dimensão de rotina, eu esqueci dos meus amigos, da minha família e dos meus amores. Fechei o mundo pra mim assim que bati a porta do meu quarto. E, nos emaranhados de lençóis sobre a cama, me escondi.
Tinha espaço ali na cama, no coração, no quarto e no meu mundo.
Não importava quem fosse: amigo, irmão, mãe ou amor. Sentia incessantemente o desejo de que alguém entrasse... E ficasse. Ainda que não muito tempo. Ainda que sem nada pra fazer.
Queria um olhar, um cafuné, um calor na alma e, quem sabe, até no corpo. Qualquer coisa.
Era muita pouquidade de presença. E, nesse incomodo assíduo, me abandonei e fugi do meu próprio mundo.
Como um bebê, que não sabe o que fazer e é indefeso pra qualquer atitude que se toma, me refugiei num mundo ao lado.
Esse mundo era o melhor do mundo! Encontrei o que precisava e até mais do que queria. Eu vi olhos transparentes de cuidado; mãos vestidas de delicadeza e afago sincero; colo que mima, que apoia e divide o peso do mundo lá fora.
Esse mundo de minha mãe era o meu preferido. Embora não fosse só um mundo. E sim um universo que acolhia todos os mundos atordoados, como o meu.

O universo de minha mãe virou pó. E os mundos que ali habitavam, se perderam. Agora, quando volto a ser bebê, viro órfão. Não tem mais ninguém no quarto ao lado.
Porém, desde que o universo estourou, deixei minha porta aberta pra quem se interessasse em, ao menos, olhar.
Sou sozinho com a ausência que insiste em perdurar. Sou mais um, com seu mundo, esperando outro mundo chegar.
                                                     
                    
                                                                                                  - 11º fato sobre a vida.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

"A solidão é um bom lugar para se visitar, mas não é nada bom para se lá ficar"

Embaixo das cobertas, meu corpo enganando o frio. 
O silêncio. A escuridão. Sintomas de companhia. Companhia da solidão que me entorpece, me dobra, me faz escravo da inércia, do obscuro, do vazio. Inércia que me faz passivo da morte.
Morte, que me traz vida, talvez.
                                                                                     

                                                                                                           - 10º fato sobre a vida.                     

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

"As despedidas são promessas de reencontro"

Esse fato talvez seja o mais difícil de desenvolver. Eu, com minha vida repleta de despedidas, promessas e reencontros, ainda assim não sei explicar como cada momento desse é particular, pesado e especial. Tenho 17 anos e acho um pouco cruel da vida ter que me fazer se despedir tanto. Aí alguém poderia dizer: "Mas você se acostuma". Que dê a cara pra mim quem se acostumou a dizer adeus ou um até mais, quem deixou de chorar ou sentir o coração apertado por estar partindo ou por ver alguém partir.
A coisa mais triste de tudo isso é ter alguém do teu lado tentando te confortar como se a agonia amenizasse... Mas não ameniza. A despedida, seja ela definitiva ou momentânea, martiriza o coração até murchá-lo de tanta saudade.
Como diz Milton Nascimento: "A hora do encontro é também despedida". Ou seja, tua saudade pode ser tamanha a ponto de se sentir triste por um reencontro... Confuso, né? Minha teoria e prática é aproveitar o momento presente. Sentir a alegria do encontro e a tristeza da despedida, sem tentar desviar o sentimento, sem tentar se iludir achando que terá um próximo encontro e uma próxima despedida. "Tem gente que vai pra nunca mais".  A gente nunca sabe do futuro, do ano que vem, do dia de amanhã, das horas seguintes... Ser vadio do sentimento não deveria ser vergonha pra ninguém.
E aí entra a frase desse fato. Porque o fato de se despedir também é um momento de carinho e consideração. Seria fácil demais sair sem nem dizer tchau a fim de tornarem as coisas menos dolorosas e, por isso, sentimos a necessidade da despedida. Porque embora a despedida seja essa agressão sem piedade, ela é também a nossa promessa, nossa certeza e nossa confissão de que tudo valeu a pena, de que vamos sentir saudade e de que vamos ser felizes se pudermos nos reencontrar mais uma vez.


                                                                                                    - 9º fato sobre a vida.